Todos produzem conteúdo. E agora?

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03/09/2020

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Nanci Contarini

Como as empresas podem lidar com os posts de seus empregados nas redes sociais

Estamos vivendo o momento em que todos querem produzir conteúdo e serem protagonistas de suas notícias. Com a chegada da pandemia esse processo se intensificou rapidamente e colocou as pessoas ativas nas redes sociais, lugar onde foi possível dar continuidade aos relacionamentos que foram podados pelo distanciamento social. Além disso, é também nas redes que existem oportunidades para os profissionais, que procuram criar ou fortalecer seu networking a fim de garantir sua exposição qualificada para render, quem sabe, uma oportunidade imediata ou no futuro.

Com tudo isso, fica muito difícil controlar as publicações dos empregados com informações sobre os projetos que estão realizando nas empresas onde trabalham, e das quais são protagonistas. Esse conteúdo é legítimo e enriquece qualquer perfil profissional.

E não faltam exemplos, eu mesma já vi vários no LinkedIn, de profissionais que deram furo de reportagem, contando uma novidade muito interessante realizada por ele ou sua equipe, muito à frente (tempo) da comunicação institucional da empresa.

Não adianta dizer que a área de comunicação corporativa vai dar conta desse timing, porque não vai. Quem já trabalhou na área sabe, o quanto é desafiador o processo de produzir conteúdo sobre tudo o que acontece nas áreas da empresa no momento em que as coisas acontecem. Muitas vezes, a informação não chega, ou quando chega tem que entrar na fila de produção e depois na fila de divulgação. É claro que quando se trata de algo muito estratégico o fluxo é outro, mas nada vai vencer o timing de divulgação do empregado que está na linha de frente da notícia.

Realmente não é tarefa fácil administrar tudo isso, todos conectados em diversas redes sociais e doidos para compartilhar tudo o que fazem no seu dia a dia no trabalho. Esse processo pode se tornar o terror dos profissionais de comunicação. Mas não precisa ser assim!

A Educomunicação pode ajudar

E para colaborar com a reflexão sobre esse assunto, eu trago um conceito que gosto muito, a Educomunicação, que foi desenvolvido para ajudar a facilitar a comunicação em ambientes educacionais e de aprendizagem, mas que cabe perfeitamente no cenário digital que vivenciamos hoje e nesse contexto que abordo.

A Educomunicação propõe a construção de ecossistemas comunicativos, abertos e criativos, com colaboração na produção de conteúdo. Prevê também o uso de recursos tecnológicos e novas relações, mais democráticas, igualitárias e menos hierarquizadas.

Afinal, não é sobre isso que estamos falando? Ou, pelo menos, não deveríamos falar?

As empresas podem se “descabelar” para dar conta desse desafio ou transformá-lo em uma grande oportunidade, tornando o processo comunicacional bem mais colaborativo. E ainda engajar genuinamente seus empregados num grande projeto de Employee Advocacy. Que parte interessada pode ser mais legítima para falar das boas práticas da empresa e no momento em que elas acontecem do que o próprio empregado.

Vejamos então alguns benefícios.

Para a empresa

  • Aumento na divulgação de pautas
  • Redução da perda de boas notícias
  • Assuntos que são legitimados pelos empregados tem mais credibilidade
  • Empregados mais engajados
  • Empregados com maior senso de pertencimento

Para os empregados

  • Protagonismo sobre a divulgação de suas ações
  • Exposição positiva nas redes sociais ou internas da empresa
  • Valorização e reconhecimento do seu trabalho
  • Fortalecimento de seu networking

Por outro lado, é importante que determinados assuntos sejam divulgados somente pela empresa, considerando sua relevância e o impacto para os negócios. Para esses, pinçados a dedo, é necessário traçar um plano de divulgação estratégico a fim de garantir uma boa repercussão positiva para a marca.

Então, não sejamos ingênuos, não dá pra sair “liberando geral”, não podemos deixar de dizer que estamos tratando de um assunto que é também muito sensível e pode acarretar um grande risco para a organização, sendo que no pacote das divulgações pelas mãos do empregado pode acontecer alguma publicação que não seja interessante divulgar, sendo pelo assunto ratado ou mesmo pelo timing. Uma divulgação mal feita pode atingir negativamente a reputação de uma empresa. Portanto, há de se ter muita cautela.

Reforçando: não é tudo que pode ser divulgado por meio dos empregados, ao mesmo tempo em que não é possível controlar tudo que possa ser divulgado por eles.

O grande desafio é cada empresa definir o seu ecossistema de acordo com suas estratégias: de negócio, de marca empregadora etc.

Algumas plataformas já estão sendo testadas

Há muitas empresas que atualmente decidiram por aplicar a rede social interna, utilizando as plataformas do Facebook, o Workplace, ou da Microsoft, o Yammer, com o objetivo de canalizar todo esse conteúdo para um ambiente mais “controlado”. Mas é fato que as redes sociais dos empregados ainda continuam de fora da estratégia.

Em minha opinião, essa é uma grande oportunidade das áreas de comunicação corporativa tirar o pé do acelerador da produção de conteúdo e focar na educação digital dos empregados, embasada nos direcionadores do negócio, posicionamento de marca e um manual, que deve ser produzido, que traga de forma clara o que ser ou não divulgado, e todos os processos que envolvem essa ação, inclusive com responsabilidade sobre os impactos.   

E aí, dá pra pensar em inúmeras ações que podem ser realizadas a partir desse material para treinar e conscientizar a todos.

Tenho certeza que todos ganham muito com esse processo de construção conjunta e fortalecimento de ambas as marcas, empresarial e pessoal, de cada empregado.

E, quem sabe um dia, não tão longe, possamos ver postagens de empresas compartilhando publicações de seus empregados, não seria o máximo?

Employee Advocacy – termo utilizado que descreve o processo em que o empregado se torna um defensor da empresa na qual trabalha, reforçando seus posicionamentos e contribuindo para a reputação positiva da marca por meio de sua atuação na sua rede de relacionamentos

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