Depois desse tempo todo em isolamento social, muitos de nós em home office tivemos que aprender a readequar nossa rotina para encaixar no dia todas as tarefas. Entretanto, agora a lista é bem maior não é mesmo? Muitas tarefas estavam fora do nosso planejamento diário, simplesmente pelo fato de não estarmos em casa com a família.
Mas, não é porque elas não faziam mais parte de nossa rotina, que não existiam. Quem sabe somente estávamos desconectados de parte de nossa vida?
Sim, o trabalho e a pressão pelo atingimento de metas coloca boa parte de nosso tempo em um único objetivo, ou melhor dizendo: colocamos a maior parte de nossas vidas, de nossa energia, no trabalho. Não que isso seja ruim, nada disso, existem até pessoas que não conseguiriam viver fora desse ambiente, livre da correria e tudo mais que o mundo corporativo oferece.
Contudo, aposto que mesmo os workaholics de plantão, vivenciaram uma experiência muito rica nesse período em que foram obrigados a “voltar pra casa” e fazer parte novamente da rotina da família.
Certas descobertas são até muito interessantes, como por exemplo desvendar a cadeia logística das roupas limpas e passadas. Ou o processo incansável de tentar bater a meta de manter a pia limpa. Ou mesmo, descobrir que sim, apesar de seu filho ou filha ser muito independente, ele adoraria ter companhia para fazer suas tarefas diárias.
Tenho certeza de que muitas dessas tarefas você continuará detestando e ficarão fora de seu planejamento, eu por exemplo me pergunto porque ,até hoje, ninguém inventou nada que nos possibilite não lavar mais a louça. Mas, também aposto minhas fichas que muitos descobriram nessa vivência, oportunidades genuínas de conexão com as pessoas que mais importam em suas vidas.
Só para exemplificar, vou falar de mim
Depois de muitos anos trabalhando em uma grande empresa, decidi sair para viver novas experiências e durante um semestre fiquei em casa, ás vezes trabalhando no negócio da família, às vezes cuidando da casa, poucas vezes descansando, enfim, parada mesmo nunca fiquei. Nessa nova rotina, duas coisas me enchiam de prazer, tomar café com meu marido no meio da tarde, quando ele dava uma passada em casa para descansar, e fazer as refeições para a minha filha, que gosta muito da minha “comidinha”. Parece bobeira, mas essas situações nos conectam verdadeiramente com as pessoas que amamos e ficam gravadas como bons momentos na mente de cada um.
E pra que estamos falando sobre isso?
Pra exemplificar que cada um de nós, apesar de ser um indivíduo único, exerce vários papéis na vida. Não somos somente o profissional da grande empresa, somos também: filhos, país, amigos, vizinhos, tios, tias, sobrinhos, primos, enfim são muitos papéis pra dar conta.
E aí meu amigo, vem a grande pergunta. Você considera todos os seus papéis no seu planejamento? Ou foca na produtividade para dar conta das tarefas profissionais e ver se sobra um tempinho para as demais?
É claro que você não vai desistir de ser produtivo no trabalho, pelo contrário quanto melhor o for, mais tempo você terá para desempenhar seus outros papéis. Mas, se não houver equilíbrio em sua vida, também não haverá satisfação no final. Talvez até seja por isso, que muitos profissionais estão repensando a carreira, querendo trocar a exaustiva jornada de 10, 12 horas diárias de trabalho, por algo mais flexível, para ter mais tempo com a família.
Então, se já ficou claro que estamos planejando nossas vidas de maneira um tanto equivocada, como podemos melhorar?
Listo uma série de dicas que podem te ajudar no próximo planejamento
- Comece fazendo uma análise criteriosa
Análise a distribuição do seu tempo para os papéis que você desempenha e reflita sobre o que deseja mudar. Você pode eleger três papéis prioritários, nos quais colocará mais energia, como: profissional, esposo (a), mãe ou pai.
- Crie objetivos bem claros para cada um deles, todos eles
Você pode se fazer perguntas pra ajudar nessa definição: Que tipo de pai eu quero ser? Que tipo de companheira eu quero ser para meu esposo? Que tipo de filho eu quero ser para a minha mãe?
- Trace ações para todos os papéis
Considere um ano de planejamento. Contudo, não pese a mão para os papéis que não são prioritários. De repente uma ação no ano já fará uma grande diferença. Imagine um reencontro anual dos amigos da faculdade.
- A saúde deve estar em dia
É preciso ter ações para o seu EU, saúde, bem-estar etc. Nada de ficar protelando os exames médicos por conta da agenda do trabalho. Abílio Diniz já disse: “Cuide bem do seu corpo. Afinal, você mora nele”.
- Distribua tudo ao longo dos meses
Com poucas tarefas por mês, com certeza aumenta a chance de cumpri-las.
- Faça caber o trabalho em oito horas diárias
Sabemos que é difícil, mas a produtividade deve servir pra isso, para que você consiga realizar suas tarefas e atingir suas metas, dentro do espaço de tempo combinado.
- Faça adequações necessárias
Se achar que o trabalho ainda está tomando tempo demais, converse com seu gestor, tente pensar numa maneira de equilibrar mais a rotina, quem sabe um novo estagiário na equipe. Algo que está no seu escopo e possa mudar para um colega de trabalho, que irá inclusive aprender muito com isso. Enfim, possibilidades e oportunidade existem. Reorganize.
Equilibrar sua vida não significa que você será menos importante, pelo contrário, será um exemplo a ser seguido. Conecte-se novamente, amplie sua visão, seus horizontes e coloque energia e presença no que mais faz sentido pra você.
O mundo está carente de conexões verdadeiras, nos distanciamos do planeta, dos nossos familiares e vivíamos numa rotina alucinante. Eu acredito que essa Pandemia tenha muito mais a ensinar, basta que estejamos abertos a aprender.
Espero ter conseguido fazer você refletir sobre seu propósito de vida e como planejar pode deixar a sua vida mais leve.
Se quiser estudar mais, um livro que me ajudou muito nesse processo e recomendo foi “A Tríade do Tempo” de Gustavo Cerbasi.
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